quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O que é confuso

E não tente entender. É tudo confuso e está em mim, não cabe em você.
 Pode ouvir? Não. Pode ver? Não. E tocar? Com certeza não.
Prendo o meu cabelo e coloco a mão sobre o meu peito que está chiando, sim, eu sinto os primeiros sintomas da angustia. Eu sinto os dedos se atracarem no meu peito em uma involuntária saída.
Não se tenta parar o que corre em sua direção, ou você corre junto ou, se mantém parado e reza para não ser atingido.
Consigo ouvir a chuva. Eu sei, aqui dentro não faz sol. Nunca fui primavera como agora, mas o inverno eu conheço bem. Estou transbordando e essa maré viva que me tornei me sobe pela traqueia e me bloqueia a voz. Como eu posso estar queimando, se ainda me sinto afogar?
Estou tentando ouvi-los, estão abafados e são muitos ao mesmo tempo. Mas o medo é o mais alto, é o que mais faz barulho. E eu estou ouvindo ele agora.
Me desculpa, algumas lágrimas irão cair por aqui agora, mas, outrora eu volto com outra companhia, ou a alegria ou a dor.
Meu paladar experimentou uma vez tudo isso e olha só, a solidão pela primeira vez, me pareceu uma saída tão só.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Canção de mim mesmo

Ouve um ruído e tudo aqui dentro havia se partido.

Estou confuso.

O quanto sorri?
O quanto chorei?
Quando nadei?
Quando me afoguei?

Estou perdido.

Onde eu estou?
Quem me salvou?
Que abismo me abrigou?
Meu peito silenciou?

Sentindo.

Ainda estou vivo.
Meu sangue latejando,
Meu corpo esquentando,
Meu coração pulsando.

Estou transbordando.

Quando passei por sua floresta, tive medo do que vi.
Quando nadei no seu lago, não tive certeza de querer partir.

Estou sozinho, de novo.

Tudo que eu quero é correr e encontrar motivos para não parar.
Eu fechei os olhos pra luz que pode me cegar,
Mas essas raízes ainda podem me entrelaçar.

Buscando.

Então eu vou parar.
Vou tirar os chinelos e me permitir descansar embaixo daquela árvore.
Vou esperar o medo tomar conta dos meus pensamentos bons,
Porque só assim eu me sinto normal.
Só assim me leio por completo.
Só assim eu banco o "repleto"

Repleto de dúvidas, de sonhos, de amores, de medos e dos maiores temores;
Eu fico repleto de mim mesmo.
E me divido ao meio mas, mesmo assim repleto, sou inteiro.

Ouço a canção de mim mesmo
Que me diz o dia inteiro
O quão é difícil
Dar "play" em si mesmo
Enquanto existe uma sinfonia
Bem mais bonita
Em que só a sua melodia
Não encaixa.