terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Um dia quis escrever sobre o amor. Então o fiz.

Peguei meu café que acabara de sair do fogo. Adoçado porque pra falar de amor precisava saber se estava sendo tudo doce. Pois bem, de café na caneca fui até o meu escritório que tinha uma vista ampla da praia de Santos - quis tanto essa vista porque cansei de ouvir, e acredito nisso, que vendo o mar você se inspira. Pois de café na mão e paisagem bela, comecei a redigir sobre o amor. E saiu mais ou menos assim:


"Joca viu Florinda da janela do ônibus e pôde sentir que era ela quem ele sempre quis. Por sua vez, Florinda olhou de relance Joca e sorriu e desviou o olhar timidamente. O sinal abriu e ambos se desesperaram por não ter mantido o olhar por mais tempo e, agora deixado tudo se perder. Florinda conseguiu uma felicidade minima com Roberto. Joca ajudou nos sonhos de Lisbela e eles fizeram uma familia grande que rendeu-lhes um filho doutor e uma filha escritora. Mas ambos, Joca e Florinda, sabiam o que tinham perdido depois daquele sinal abrir. Êlaia, uns falando de amor e outros perdendo a verdadeira chance de amar."

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Indícios

Senti a pele levantar onde a armadura falhou.
Senti a espada penetrar onde o escudo não chegou.
Meninas com olhos tão expressivos deveriam ganhar batalhas, matar dragões e se curvarem diante de um rei.
Mas olha só pra você, minha querida!
Olhe bem cada pedaço do seu corpo que fora atingido outrora por diversos inimigos.
Olhe seus pés, todos estão preocupados por onde mais você pode andar.
Eles nunca entenderão, irão sempre te testar.
Você é a imagem do pecado que todos deveriam cometer.
Você é a alma que todos sabem que se libertou.
Mas você é tão livre, que todos suspeitam
Se você já amou.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mesmo que seja

Quando olho no quarto vazio aquele álbum que retrata tudo que foi vivido, a cada sorriso que eu não sei mais dar, eu derramo uma lágrima. Me pego chorando e me perguntando "cadê toda essa calma?" Onde estava a minha alma quando tudo isso se perdeu? Por que eu não fui capaz de recuperá-la? Por que eu não consigo mais não ser isso? Não ser esse erro que, só erra - oras, erro só tem essa função: errar. Só? Não. Erro apesar de tudo é um passo pro acerto. Erro é a tentativa. Nem que seja a tentativa de errar (mas, se a intenção é errar e se erra, é um acerto!) Sim, erro também é um acerto. É um acerto porque é tentativa. E qualquer coisa que se tente, é movimento. E quando você se movimenta você assume riscos. O de cair e o de ir mais longe. Eu levantei da cama com um aperto no coração pois notei que muita coisa que eu tinha, eu não tenho mais. E eu preciso lidar e aprender com tudo isso. Eu sei, você também sabe que "eu não sei lidar" é meu lema. Mas o "eu posso tentar" ainda existe no meu vocabulário. E palavras difíceis precisam ser ditas. Alguns corações precisam ser partidos para que algo seja sentido - mesmo que seja dor.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O peso de ser um só

O peso que eu sustentava era realmente muito grande. Eu sentia as canelas tremerem e o meu coração se apertava na torcida por um não tropeço. Eu tropecei e fiquei a centímetros do chão e só não ralei mais que os joelhos porque você estava me segurando. Mas, e agora? Eu sinto o peso do mundo e o da sua ausência nas costas. Não só ralei o joelho como também a cara. Quantas foram as vezes que você disse "vai ficar tudo bem" e eu acreditei, só porque era você que estava dizendo? Hoje o seu "vai ficar tudo bem' é um "se vira", praticamente. Tudo bem, eu me viro, sempre me virei. Só que algumas páginas são pesadas e ter ajuda para virá-las é confortante. Eu só queria que você soubesse que algo muito forte está morrendo entre a gente e que, se amanhã partir de vez, eu sempre lhe desejarei o melhor. Hoje eu só estou estudando onde colocar o pé e em como prosseguir sem você. Não estou duvidando que consiga, só estou relatando que não queria que fosse assim.

"Alguns pedaços meus ficaram pelo caminho. Me sinto despedaçada e vazia, porém, sei que ainda posso seguir em frente e me preencher com outras boas coisas. Foi difícil não segurar a sua mão nessa densa escuridão, mas, confesso que não encontra-la na claridade doeu muito mais."

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Vagando

Onde está a calma que eu carregava em silenciosa conturbação?
Onde está a sala que eu pretendia montar nesse salão?
Hoje acordei tendo muito o que fazer, desci os degraus para poder voltar a crescer.
Existiu em algum momento um laço, um firmamento, onde tudo agora é pela metade.
São meias ideias, meios prejuízos, meias certezas e, meias mesmo, pela mesa.
Tudo fora do lugar.
E eu tô sem lar.
Tô na rua, tentando me encontrar.
Em nenhuma dessas portas eu tô afim de entrar.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O que é confuso

E não tente entender. É tudo confuso e está em mim, não cabe em você.
 Pode ouvir? Não. Pode ver? Não. E tocar? Com certeza não.
Prendo o meu cabelo e coloco a mão sobre o meu peito que está chiando, sim, eu sinto os primeiros sintomas da angustia. Eu sinto os dedos se atracarem no meu peito em uma involuntária saída.
Não se tenta parar o que corre em sua direção, ou você corre junto ou, se mantém parado e reza para não ser atingido.
Consigo ouvir a chuva. Eu sei, aqui dentro não faz sol. Nunca fui primavera como agora, mas o inverno eu conheço bem. Estou transbordando e essa maré viva que me tornei me sobe pela traqueia e me bloqueia a voz. Como eu posso estar queimando, se ainda me sinto afogar?
Estou tentando ouvi-los, estão abafados e são muitos ao mesmo tempo. Mas o medo é o mais alto, é o que mais faz barulho. E eu estou ouvindo ele agora.
Me desculpa, algumas lágrimas irão cair por aqui agora, mas, outrora eu volto com outra companhia, ou a alegria ou a dor.
Meu paladar experimentou uma vez tudo isso e olha só, a solidão pela primeira vez, me pareceu uma saída tão só.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Canção de mim mesmo

Ouve um ruído e tudo aqui dentro havia se partido.

Estou confuso.

O quanto sorri?
O quanto chorei?
Quando nadei?
Quando me afoguei?

Estou perdido.

Onde eu estou?
Quem me salvou?
Que abismo me abrigou?
Meu peito silenciou?

Sentindo.

Ainda estou vivo.
Meu sangue latejando,
Meu corpo esquentando,
Meu coração pulsando.

Estou transbordando.

Quando passei por sua floresta, tive medo do que vi.
Quando nadei no seu lago, não tive certeza de querer partir.

Estou sozinho, de novo.

Tudo que eu quero é correr e encontrar motivos para não parar.
Eu fechei os olhos pra luz que pode me cegar,
Mas essas raízes ainda podem me entrelaçar.

Buscando.

Então eu vou parar.
Vou tirar os chinelos e me permitir descansar embaixo daquela árvore.
Vou esperar o medo tomar conta dos meus pensamentos bons,
Porque só assim eu me sinto normal.
Só assim me leio por completo.
Só assim eu banco o "repleto"

Repleto de dúvidas, de sonhos, de amores, de medos e dos maiores temores;
Eu fico repleto de mim mesmo.
E me divido ao meio mas, mesmo assim repleto, sou inteiro.

Ouço a canção de mim mesmo
Que me diz o dia inteiro
O quão é difícil
Dar "play" em si mesmo
Enquanto existe uma sinfonia
Bem mais bonita
Em que só a sua melodia
Não encaixa.